sábado, 21 de maio de 2011

Vinte de maio

Acolha-me, ó imenso verde abaixo de meus pés,
acolha-me, ó céu quase cinza acima de minha cabeça,
acolha-me, ó folha em branco abaixo da ponta de meu lápis.
Acolham-me.
Árvores, por favor, movam-se mais rápido,
céu, derrame sobre meus ombros, já cansados,
tuas lágrimas infinitas.
Molhem-me, lavem-me, limpem-me,
levem-a daqui... agora!
A imagem a ferir minhas córneas,
a imagem a ferir-me o cérebro, a alma, o peito,
é a dela, com ela.
A imagem a dominar meu sono,
a imagem predominante,
a imagem mutante,
é a dela, com ela...
Por isso peço-lhe, suplico-lhe,
ó nuvem negra cheia de lágrimas contidas,
que derrame seu pranto sobre mim.

Apossa-te de meu peito frio,
ó fumaça debilitante.
Envolve meus olhos, minha mente,
em minutos de vácuo, de trégua.
Faz-me esquecer da dor que me assola o peito,
faz-me esquecer da imagem,
a qual minha mente tanto renega.

"Apaguem as luzes,
acendam o cigarro,
e retirem-se daqui."

Nenhum comentário:

Postar um comentário