terça-feira, 7 de junho de 2011

Despeço-me

Possuo uma vaga lembrança dos teus olhos tristes...
Despeço-me deles.
Despeço-me dos teus cabelos leves e brancos
tal como a poeira que predomina a superfície
da cadeira em que estou sentada.
Despeço-me da tua matéria, doce mulher...
Doce criança.
Despeço-me de ti através destes versos,
E se não for pedir demais, caso encontres
Meu nobre avô, diga que sinto saudades,
E que as histórias contadas por ele
Ainda flutuam em minha mente,
Ainda me transportam para um mundo
Menos ácido que este.
Vai, doce criatura,
Vai que este mundo não é dos doces,
Os amargos prevalecem
-E não me venham dizer o contrário,
Pois vós, que ainda estão vivos,
Tendes olhos e vês.-
Vai, mas vai sem medo.
Ganhaste, e nada perdeste.
Guardarei tua imagem, o único
Sorriso teu que tive a oportunidade de ver,
O som da tua voz, soprada uma
Única vez em meus ouvidos.
Serás eterna em minha mente.
E lembra-te:
Ganhaste, nada perdeste.



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