quinta-feira, 30 de junho de 2011

Abdicar

Não movo mais um músculo para tentar salvar-nos.
Todos os meus seiscentos e trinta e nove músculos já estão cansados e, grande parte, contundidos.
E tu, meu bem, o que fazes com teus músculos?
Tu levas uma vida amorosa sedentária, preferes não te exercitar, pois esta função é dos que te almejam.  Preferes não ter contusões, e é por isso que recuas, e foi por isso que me deixaste partir.
Não moveste um músculo por nós – ou, talvez, até tenhas movido uns poucos -
Tentaste correr, tentaste, mas logo cansaste e desististe.
Eu espero que tu entendas a minha quietude, o meu descanso, pois já corri tanto, dando passos mais longos que minhas pernas, suportando calor e frio, engordando e emagrecendo, enfraquecendo e fortalecendo...
Eu sei que ainda tenho forças, eu sei que aguentaria correr mais umas milhas para tentar te trazer de volta, mas cansei de dar murro em ponta de faca.
Nas vezes que eu pensei em desistir, em simplesmente viver, me condenei, antecipadamente, por achar que eu estaria jogando fora esse amor, mas, hoje, alguém me deu um tapa na cara e colocou um espelho em minha frente, obrigando-me a ver minha própria face. O que eu vi? Eu vi as marcas da insônia nos meus olhos, eu vi os rastros da tristeza em minhas sobrancelhas,  eu vi meu corpo esguio, eu não vi vida; Então eu tive certeza... eu fiz de tudo por nós - eu sei que eu fiz - eu me doei por inteiro, eu não abdiquei só de algumas poucas coisas por ti, mas eu abdiquei de mim.
Eu tenho certeza que não joguei fora, e você vai entender em uma determinada hora...

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