quarta-feira, 8 de junho de 2011

Branco

Manchei de tinta estas paredes brancas.
Manchei para parecer menos louca.
Ah, como é divino poder desfrutar
Da liberdade do manchar.
Derramo-me em minhas paredes,
Em minhas paredes vivo.
E tu, o que queres aqui?
Não me venha pintar de branco o que foi manchado,
Não me venha dar de presente a loucura.
Sai daqui com esta tinta branca maldita.
Vá para o diabo com ela!
Quero manchas,
Quero olhos e ouvidos,
E bocas, e dentes nas minhas paredes.
Quero a nobre companhia dos meus rabiscos.
Quero que esta loucura branca vá para o diabo!

branco
mancho o
que não foi manchado
 perdeu-se a tinta
no olho rabiscado
o olho
que era cor
de amarelo
cádmio

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