Mais uma flor se foi, abandonou meu solo infértil, sentiu-se oprimida - talvez - por não poder crescer em meio à tantos pedregulhos; mas afirmo, minha belíssima flor de cravo, minha planície não foi sempre assim.
As flores partem, mas resquícios significativos de suas raízes ficam.
Quando digo "flores", no plural, refiro-me às duas flores que foram plantadas na superfície terrestre do meu coração; uma: a de luz inconfundível, a de espinhos mínimos, o grande amor de minha vida - de minha morte; outra: a de pétalas de ouro, a de cravo, a de casca dura e interior frágil, a flor amiga.
Flor mulher, flor amiga, vossas raízes estão aqui, não só no coração - já ultrapassaram esse limite há tempos - vossas raízes estão cravadas em minha alma, e não me importo que a dúvida exista, não me importo.
O tempo, a vida, o jardineiro maior, aquele que me fez, te fez, a fez, um dia há de estampar todas as respostas em vossas faces, há de desvendar o mistério diante de vossos olhos; e quando assim for - tanto para mim quanto para vós - a força que nos une, o que eu plantei em vós e o que plantastes em mim, nos farão conjunto novamente, nos farão terra e planta - superfície plana, fértil, e flor.
Eu não tenho pressa. Deixem-me ser banhado pela chuva, ser secado pelo sol; deixem-me ser acalentado pelo sereno, pelo calor; deixem que passe o verão, o inverno; deixem que minhas pedras fragmentem-se; deixem que o jardineiro Deus prepare minha terra, a faça mais plana, para que eu poça vos receber com conforto e para que vós cresçais com liberdade, sem intervenção de pedregulho nenhum.
Eu não tenho pressa. O que nos uniu, o que - de certa maneira - ainda nos une, está aqui.
Tenho para mim que raízes de amor nunca morrem - até que a vida me prove o contrário.
"Morre, hoje, no dia 10 do 09 de 2011: Cores, Traços, Rabiscos. Que o texto vomitado acima torne-se o epitáfio escrito na lápide da tristeza que habitou o peito de quem aqui vomitou."
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