Tempos úmidos: recordamos e almejamos estações passadas.
Tempos de cólera: alimentamo-nos das fragmentadas memórias de outrora.
Quem há de querer degustar as frutas amargas da árvore da vida?
Quem terá a coragem impetuosa de penetrar na selva paradoxal das emoções, em busca de conhecimento?
Sem dúvida, há um prazer oculto na dor, mas, para senti-lo, deve-se possuir a ausência do medo da morte.
Admiro piamente os que não estancam as dores do presente, com sentimentos paliativos do passado, mas, por outro lado, me é totalmente compreensível esta covardia abrangente.
Tenho asco dos que almejam reviver o ido, como quem relê um conto predileto.
Tenho asco de mim, que ando para trás...
Memórias boas são anestésicos que não se vendem na farmácia.
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